ANÁLISE

Encantada pelo Professor, Alicia Sierra salva La Casa de Papel

Policial vivida por Najwa Nimri injetou ânimo e protagonizou reviravoltas no drama espanhol da Netflix

Publicado em 06/12/2021

A inspetora Alicia Sierra, vivida pela estupenda Najwa Nimri, foi fundamental na parte final de La Casa de Papel (2017-2021). Ela movimentou as peças da trama e a salvou do anticlímax. Com uma injeção de perspicácia e ternura, principalmente após dar à luz, a personagem livrou o drama espanhol de uma despedida melancólica ao ser encantada pelo Professor (Álvaro Morte).

[Atenção: spoilers a seguir]
O primeiro volume da parte cinco deixou um gostinho de quero mais no ar acerca da relação inusitada entre Alicia Sierra e o Professor. A policial perseguiu o mentor dos assaltos à Casa da Moeda e ao Banco da Espanha, sem escrúpulos e agindo à margem da lei. Ao alcançá-lo, ela entrou em trabalho de parto e o algoz operou o nascimento da filha, Victória.

Os fãs passaram a especular se a inspetora iria continuar sedenta em colocar o intelectual bandido atrás das grades ou iria se juntar a ele, pelo fato de ambos serem procurados pela polícia. La Casa de Papel optou pelo caminho mais intrigante e os uniu no segundo volume, lançado na última sexta-feira (3).

E olha que Alicia Sierra resistiu, relutou bastante. Mas o charme do galã prevaleceu. O ponto da conexão definitiva aconteceu quando fugiam da polícia e ele a protegeu como ninguém nunca o fez. Dentro de um apartamento invadido, o professor encarnou até um chef de cozinha e preparou um omelete improvisado. O gesto simples a comoveu, chegando a chorar no ombro do anti-herói.

Najwa Nimri com Álvaro Morte na parte final de La Casa de Papel
Najwa Nimri com Álvaro Morte na parte final de La Casa de Papel (Reprodução/Netflix)

Um abraço simbólico

A relação do Professor com Alicia foi a mais importante de La Casa de Papel. Em determinado momento, lá no começo do segundo grande assalto, os dois se entretinham em conversas descontraídas via rádio, um tentando sacanear o outro durante negociações, gastando o repertório de sarcasmos.

Frente a frente, os dois foram mais francos. A conversa fundamental que selou o elo entre eles ocorreu no nono episódio da parte cinco, no meio de uma estrada. O Professor estava aparentemente encurralado, após roubarem dele 90 toneladas de ouro e saber da rendição da gangue no banco. Havia uma única saída e somente Alicia poderia salvá-los.

Ele engatou um discurso para convencê-la, de vez, a se integrar ao bando -a policial hesitava em ceder. Então, o cérebro dos assaltos falou verdades, exaltando a capacidade da inspetora que, mesmo grávida e sozinha, encontrou o homem mais procurado da Espanha. Agora, era caçar meia dúzia de bandidos e recuperar os lingotes de ouro.

Alicia aceitou e estendeu o braço para um aperto de mão. O Professor preferiu um abraço apertado. Ela disse: “Considere-se sortudo. É a primeira vez que dou um abraço de verdade desde que o Germán [ex-marido] morreu“. E completou: “Mais importante, é a primeira vez que eu sorrio de verdade“.

Plano precisamente executado, o ouro foi recuperado e todos ficaram livres, de passaporte novo, com outra identidade. Alicia Sierra mostrou-se fiel ao Professor sendo quase uma Raquel, inspetora antes dela, entretanto sem ser batizada com nome de cidade. Mesmo de fora da gangue, partindo só rumo ao horizonte, ela exerceu uma função vital para o sucesso dos ladrões e salvou La Casa de Papel em todos os sentidos.


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