Em 27 de setembro de 1993, há 25 anos, a Rede Globo exibiu o primeiro capítulo de Sonho Meu, de Marcílio Moraes. A novela começava com a missão de manter os bons resultados de audiência de Mulheres de Areia, de Ivani Ribeiro. Os conflitos gerados pelas gêmeas Ruth e Raquel (Glória Pires) asseguraram ótimo ibope.
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A história central
Cláudia (Patrícia França) é infeliz em seu casamento com o violento Geraldo (José de Abreu). Por isso, foge dele. A guarda da filha pequena do casal, Maria Carolina (Carolina Pavanelli), é concedida à irmã de Geraldo, Elisa (Nívea Maria). Em Curitiba, ela conhece o inconsequente e boa-vida Lucas (Leonardo Vieira), e os dois se apaixonam. Mas Jorge (Fábio Assunção), irmão de Lucas, também se interessa por ela. Os dois rapazes são netos de Paula Candeias de Sá (Beatriz Segall), dona da fábrica de brinquedos Ludens.
Paula inicialmente não gosta de Cláudia, porque ela se torna razão para atritos entre seus dois netos, cujos destinos ela acredita conduzir. Médico, Jorge tem no Dr. Afrânio Guerra (Walmor Chagas) um aliado em sua intenção de afastar a avó dos negócios e tomá-los para si. Guerra é casado com Magnólia (Yoná Magalhães) e tem com ela a filha Lúcia (Isabela Garcia), apaixonada por Lucas. Lúcia percebe o comportamento do pai, ligado a práticas reprováveis, mas se ocupa com suas relações com os irmãos Lucas e Jorge.
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Cláudia esconde sua condição de mulher casada, e contrai matrimônio com Lucas a fim de recuperar a filha e poder dar a ela uma vida confortável. Mas Geraldo ressurge após passar um tempo sumido e quer a mulher e Carolina de volta. Elisa, que não perde uma oportunidade de tirar vantagens pessoais, chantageia Cláudia ao descobrir a bigamia e a vida dupla da cunhada. Um parceiro dela em suas tramoias é o amante Fiapo (Carlos Alberto).
Numa fuga do orfanato, Carolina conhece o Sr. Zigmanski, chamado por todos de Tio Zé (Elias Gleizer). De origem russa, o bondoso velhinho cai de amores pela pequena, a quem apelida de Laleska.
Outros personagens importantes da história
Uma personagem bastante importante é a enfermeira Mariana (Débora Duarte). Antiga governanta da mansão dos Candeias de Sá, ela é a verdadeira mãe de Jorge. O rapaz fora adotado por Paula ainda bebê, quando perdera o filho e um neto num acidente.
O hospital do Dr. João Fontana (Flávio Galvão) tem destaque em Sonho Meu. Ao contrário de Guerra, Fontana é um médico sério e comprometido com seus pacientes. Ele sofre com o ciúme exacerbado – e injustificado – da esposa Gilda (Françoise Forton). Os dois são pais de Francisca (Daniela Camargo), que chega a ser noiva de Jorge. Mas quem conquista mesmo o coração da jovem é Giacomo (Eri Johnson), o mordomo de Paula.
William (Jayme Periard) é outro dos aliados de Jorge na luta pelo poder na Ludens. Pai de um filho pequeno, Cacá (Sérgio Mannarino), ele tem um caso com sua secretária Júlia (Bernadete Lyzio).
Mortes na ficção e na vida real
O vilão Jorge é assassinado no decorrer da novela, deixando assim de perseguir Cláudia. No último capítulo, o Dr. Guerra se apresenta à polícia como o assassino. No entanto, quem de fato cometeu o crime foi Lúcia. A moça acabou sendo ludibriada pelo mau-caráter e não conteve o ímpeto da vingança. O público soube de sua culpa, mas a personagem terminou a história livre, feliz e no exterior.
Em janeiro de 1994, a atriz Cláudia Magno, que interpretava Josefina, enfermeira da clínica do Dr. Fontana, faleceu. Vítima de uma pneumonia e complicações decorrentes da AIDS, Cláudia tinha 34 anos e havia passado um mês internada antes de falecer.
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As novelas antigas que inspiraram Sonho Meu
Para desenvolver o enredo, Marcílio partiu de dois originais de Teixeira Filho. A Pequena Órfã foi exibida pela TV Excelsior em 1968/69. A protagonista era Toquinho (Patrícia Aires), que vivia num orfanato onde era maltratada pela megera Elza (Riva Nimitz). Apenas o Velho Gui (Dionísio Azevedo) dá a ela um pouco de amor e carinho. Já Ídolo de Pano, exibida pela Rede Tupi em 1974/75, alcançou um dos grandes êxitos da emissora na década com um dramalhão centrado nos irmãos Clermon, Luciano (Tony Ramos) e o mau-caráter Jean (Dennis Carvalho). Os dois eram herdeiros de Madame Pauline (Carmen Silva), proprietária de uma indústria têxtil.
Unidas, as duas histórias forneceram tramas e personagens para o desenvolvimento de Sonho Meu. Todavia, essa fusão contou com tantos novos elementos e uma total adequação aos anos 1990 que não se pode exatamente considerá-la um remake de qualquer das duas produções mais antigas. A saber, A Pequena Orfã também inspirou Tiago Santiago em sua Prova de Amor (2005/06), na RecordTV.
Com média geral de 44 pontos de audiência, ultrapassando os 50 repetidas vezes, Sonho Meu manteve a boa audiência das gêmeas de Ivani Ribeiro. Além de Marcílio Moraes, escreveram-na Margareth Boury, Maria Adelaide Amaral e Lauro César Muniz, o qual foi também supervisor de texto. A direção foi de Reynaldo Boury, Roberto Naar e Marcelo Travesso. Cumpriu bem a função para a qual foi especialmente encomendada, apesar das críticas que a aproximavam das novelas mexicanas. E uma curiosidade especial é a ambientação na capital paranaense, ao invés da opção pelo Nordeste ou pelo eixo Rio-São Paulo.
Por que Sonho Meu não voltou às telas até hoje?
Apesar do sucesso, nesses 25 anos a novela nunca mais foi apresentada pela Globo. Os eventuais motivos para isso são vários, no entanto, o mais provável é que tenha “passado o tempo” para uma eventual reprise. Além do fato de que diversos profissionais ligados à novela tenham deixado a emissora posteriormente. Seja como for, em tempos de Canal Viva sem dúvida Sonho Meu é uma grande opção.
E para aqueles que tenham curiosidade a respeito do que faz e por anda hoje Carolina Pavanelli, a encantadora Laleska, fica o vídeo abaixo: