Em Topíssima, Silvia Pfeifer será a humilde cozinheira Mariinha. Moradora do morro do Vidigal (RJ), a personagem é uma mãe viúva que criou os filhos Antônio (Felipe Cunha) e Gabriela (Rafaela Sampaio) sozinha. Batalhadora, ela não mede esforços para ver todos a sua volta felizes.
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Acostumada a sempre viver personagens elegantes, Silvia conversou com o Observatório da Televisão sobre esse novo desafio de sua carreira. A atriz também descreveu a personalidade de Mariinha e falou sobre o período em trabalhou nas novelas portuguesas. Confira a seguir a entrevista na integra:
Como está sendo integrar o elenco de Topíssima?
“Esse convite, essa oportunidade é realmente um presente. É um desafio e está sendo uma satisfação enorme fugir daquela figura tão chique e sofisticada que eu sempre tive nas novelas. Embora algumas poucas não fossem tão sofisticadas assim, como em Perigosas Peruas. Encontrar essa pessoa desprovida do que eu naturalmente já sou é curiosa. Embora não tenha nenhum estereótipo dessa mulher da comunidade do Vidigal, até porque os meus filhos também não vêm de nenhum estereótipo desse. O Felipe Cunha (Antônio) e Rafaela Sampaio (Gabriela), eu acho que são até parecidos comigo e poderiam ser realmente meus filhos. Está sendo um presente encontrar em cada cena uma maneira de fazer essa mulher simples, batalhadora.
Quais as principais características da personagem?
“Ela é muito agregadora e quer o bem-estar de todo mundo. Fazer isso de uma maneira que o telespectador não ache chato aquela que faz o bem o tempo inteiro é um desafio para o ator. Então cada cena está sendo um grande desafio para mim. Estou estudando muito com preparador e coach.
Simplicidade
É difícil abrir mão da vaidade para se entregar nessa simplicidade da personagem?
“Eu acho difícil. Mas, ao mesmo tempo, a minha visão de uma atriz é aparecer e aparentar feia, cansada e destruída em cenas que pedem isso. Se alguém está sofrendo, virando noite cuidando de alguém, não vai estar com a cara ótima no dia seguinte. Então não é crível para mim ver uma mulher completamente maquiada, tanto que eu só uso correções. Eu só tiro um pouco as olheiras, praticamente não uso rímel. Eu uso um blush que nem dá para ver, só para não ficar com o rosto todo pálido. Eu acho que o grande barato é aparentar uma outra coisa, e não você um tempo inteiro”.
Amizade na trama
Vai rolar uma parceria entre você e a Denise Del Vecchio em Topíssima, não é mesmo?
“A minha personagem é muito amiga da personagem Denise Del Vecchio. Já nos damos bem na outra novela e estamos nos dando melhor ainda nessa. Eu tenho uma sintonia também muito forte com os atores que fazem os meus filhos. Então está sendo uma delícia”.
A novela traz como principal destaque o empoderamento feminino. Você acha a sua personagem feminista?
“Não é a maneira antiga do feminismo, apenas de jogar o sutiã fora. Mas eu acho que por ela ter perdido o marido, ser viúva, é um matriarcado no bom sentido. Ela comanda a coisa, tem a força”.
Período fora do Brasil
Como foi o período em que você atuou nas novelas portuguesas?
“Eu fiz uma novela portuguesa na TVI, ganhamos o Emmy de melhor novela estrangeira no ano passado. Ela (a trama) terminou em novembro de 2017, então ela entrou no rol dos concorrentes. Foi uma novela realmente maravilhosa e um personagem muito forte e sofrido. Trabalhei com a Zezé Motta lá também”.
É muito diferente fazer novela no Brasil e em Portugal?
“É sempre diferente e também não é. É igual porque não tem muito como fugir da receita do bolo, toda receita do bolo tem uma linha base. Trabalhar com atores que vêm de uma escola completamente diferente da sua e que têm uma história de televisão completamente diferente da sua, eu achei, pelo menos, não só um desafio, mas agregador. Isso traz uma maneira de lidar com ‘acting’ completamente diferente. Com um ator brasileiro, você olha e já sabe (como agir). Eu tive, logicamente, boas identificações com alguns deles (atores portugueses). E a novela foi tão boa que ganhou um Emmy de melhor novela estrangeira”.
Você ficou muito tempo fora da teledramaturgia brasileira?
“Eu fiquei fora no início de 2016, que aí eu fui fazer uma novela em Portugal. Voltei em 2017 e fui fazer teatro. Desde dezembro, eles (Record TV) me disseram que provavelmente iriam me chamar e me chamaram mesmo. Em janeiro eu assinei o contrato”.
Aprendizado e talento na cozinha
O que você leva de aprendizado para sua vida desse universo da arte?
“Eu sempre fui uma pessoa muito responsável e séria, muitas vezes excessivamente muito séria. Sempre me dediquei muito, procurei fazer o meu melhor. Sempre fui uma pessoa pontual, uma pessoa que respeitou os outros. Então eu acho que respeito pelo o teu trabalho, pelo o teu colega e por quem está envolvido com o trabalho é fundamental. E procurar aprender com tudo que o outro pode te dar, seja lá quem for esse outro: colega, diretor, iluminador, pessoal do som, câmera. Qualquer coisa que for dita é importante a gente crescer, não ficar parado”.
Você é uma doceira de mão cheia, né? Continua fazendo bolos?
“Eu faço bolo e brownie muito bem. Tem uma amiga minha que abriu um restaurante e eu fazia para ela. Alguns amigos pediam e eu dava. Quando é presente para alguém, eu ponho os brownies num pote. Mas agora eu estou sem tempo”.
Entrevista feita pelo jornalista André Romano.