“Admita: você já viu esse ator fazendo um segurança ou um comparsa de um vilão”. O meme com esta frase e duas fotos de Miguel Nader viralizou nas redes sociais não por acaso. De polícia a bandido, o grandalhão é onipresente na TV: de Fuzuê à Praça É Nossa, além de reprises como Mulheres Apaixonadas e Cúmplices de Um Resgate. Esta semana, o público conheceu um de seus maiores desafios: interpretar seu primeiro policial federal na série DNA do Crime, da Netflix.
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Em entrevista exclusiva à coluna, Miguel Nader revela que, para “subir de patente” e interpretar Gomes, precisou “rasgar” todo o conhecimento obtido como policial na ficção. A preparação incluiu treinamentos intensos com dublês, ex-presidiários e agentes de segurança reais. Na trama, ele contracena com Milton Lacerda, intérprete de Saldanha, com quem forma uma dupla à la Starsky & Hutch.
“Fui a um estande dar tiro de verdade. Pela primeira vez aprendi a segurar na arma, não a de ficção, da mesma forma que um policial muito bem qualificado segura. Quem está em casa pode achar que tudo é igual, mas não é. Fizemos uma sequência de três madrugadas andando agachado e segurando um fuzil. Eu sou grande e tenho que me encolher. Se não estivesse bem fisicamente, não aguentaria acordar no outro dia. Foi muito real. Ganhava moral quando alguém perguntava se eu era da polícia”, conta o ator.
Cobiçado por emissoras e plataformas de streaming, Nader comemora a excelente fase da carreira, mas lamenta precisar recusar trabalhos em razão da agenda. Por exemplo, disse não à HBO Max para atuar em Dona Beja porque estava comprometido com as filmagens da comédia Vudu Delivery, em que interpreta o irmão de Marcos Veras.
“Tinham me chamado para um baita personagem em Dona Beja, mas não pude porque haveria muitas diárias e bate muito com o longa que estou fazendo com o Veras. Quase não posso estar em um filme do Cazaquistão rodado no Brasil, parecido com Velozes e Furiosos, em que interpreto o vilão, mas consegui conciliar com Vudu Delivery. É bom ter uma agenda cheia”, celebra.
Mas, afinal, por que Miguel Nader aparece tanto na TV? A resposta está no exemplo. Sem vaidades, o ator se coloca a serviço da dramaturgia. O estereótipo não o afeta. Pelo contrário, o enche de orgulho.
“De bandido a segurança, domino todas as áreas. Entre fazer humor e drama, prefiro trabalhar. Quero estar em cena. Não me incomoda fazer o centésimo policial. Policiais podem usar o mesmo uniforme, mas cada um tem uma história. Foi o caso do Duplex em Amor Sem Igual [novela da Record], que iria participar de seis capítulos e ficou entre os protagonistas. Sou um operário da arte. Independentemente do tamanho do personagem, vou fazer com a mesma vontade e o mesmo tesão”, ensina.
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