
Você já reparou que não é comum vermos as emissoras de televisão estrearem novelas em dezembro? Quase dá para contar nos dedos as ocasiões em que isso aconteceu. Às vezes, novembro nem acabou e já estamos com a cabeça nas Festas, nos convidados e hóspedes que receberemos, nos presentes dos familiares, na viagem de férias ou recesso…
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Então, essa realmente não é a melhor época para estrear novelas, e as emissoras também levam em conta que, com dias mais longos, mesmo quem não viaja passa a demorar mais tempo na rua, na praia, enfim. Como demoramos algumas semanas a nos acostumar com um novo enredo, novos nomes de personagens, o tempo de Festas realmente não parece ideal.
Das ocasiões em que novelas foram lançadas em dezembro, a maioria foi de produções da TV Globo. Já em seus primeiros títulos, na década de 1960, a emissora carioca estreou quatro novelas no finzinho do ano: Padre Tião (1965-1966), Um Rosto de Mulher (1965-1966), Sangue e Areia (1967-1968) e O Homem Proibido (1967-1968), esta conhecida em outras praças como Demian, o Justiceiro.
Dois grandes sucessos de Janete Clair foram lançados em dezembro, no finzinho dos anos 1970: Duas Vidas (1976-1977) e O Astro (1977-1978). Não que a época do ano atrapalhasse o enovelamento do público por mais uma história da autora. Ainda, em 1975, por pouco (uma semana) a primeira versão de Pecado Capital também não estreou em dezembro: o primeiro capítulo foi ao ar em 24 de novembro.
Em dezembro de 1990, tanto a TV Globo quanto a TV Manchete estrearam novelas, respectivamente Lua Cheia de Amor, nova adaptação de Dona Xepa feita por Ana Maria Moretzsohn, Ricardo Linhares e Maria Carmem Barbosa, e A História de Ana Raio e Zé Trovão, de Marcos Caruso e Rita Buzzar, com ideia original e direção-geral de Jayme Monjardim.
No ano seguinte, devido a alguns adiamentos, a Manchete voltaria à carga ao lançar o audacioso projeto de Amazônia em dezembro. Dispendioso e sem grande audiência, o enredo dividido entre fim do século 19 e começo do 21 logo se concentrou apenas no passado. Mas a audiência não veio.
Em 1994, o núcleo de dramaturgia do SBT lançou em dezembro sua segunda produção sob a direção de Nilton Travesso: As Pupilas do Senhor Reitor, da obra de Júlio Dinis. Juca de Oliveira, Débora Bloch, Luciana Braga, Eduardo Moscovis e Tuca Andrada viveram os papéis principais da novela, que tinha a responsabilidade de manter o êxito de Éramos Seis.
Em 2019, a Record estreou Amor Sem Igual em dezembro, e manteve a novela no ar até abril de 2020, semanas depois de decretada a quarentena em razão da pandemia de covid-19. Isso foi possível devido à boa frente de capítulos gravados. Com a necessária interrupção da história, acontecimentos inéditos foram exibidos apenas a partir de outubro de 2020, e o desfecho foi ao ar em janeiro de 2021.