
Em agosto de 1975, depois de cerca de 50 capítulos escritos, dos quais mais de 30 já gravados, a novela Roque Santeiro, de Dias Gomes, teve sua exibição pela TV Globo proibida pela Censura Federal em qualquer horário, em todo o território nacional. Pouco mais de um ano depois, a história se repetiu.
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Para substituir Saramandaia, também de Dias Gomes, na faixa das 22h, a TV Globo submeteu à Censura em meados de 1976 quatro sinopses. Fora A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato, da obra de Bráulio Pedroso em versão de Consuelo Martines, as outras eram de Walter George Durst.
Dona Flor e Seus Dois Maridos daria prosseguimento ao êxito de Gabriela (1975), com outra obra de Jorge Amado; A Vida Como Ela É…, desenvolvida a partir das crônicas de Nelson Rodrigues, foi vetada na ocasião, e apenas cerca de 20 anos depois teria uma adaptação, dirigida por Daniel Filho; O Casamento, após algumas mudanças e a troca do título para Despedida de Casado, foi aprovada e entrou em produção.
Ausente do gênero telenovela desde o fim de Fogo Sobre Terra, de Janete Clair, em janeiro de 1975, Regina Duarte voltava ao ar com um papel diferente dos anteriores: Stella, mulher jovem, casada há cerca de 10 anos com Rafael (Antonio Fagundes) e vivendo o dia a dia de uma união bastante estável, em que existe amor, mas também desafios da convivência e de tudo que os rodeia e impacta.
Como os desmandos do amigo e patrão Odilon (Nelson Caruso), que explora Rafael e não perde a oportunidade de deixar no ar que ele pode ser demitido caso se negue a colaborar com suas operações. Separado de Rejane (Rosamaria Murtinho), Odilon não é flor que se cheire, mas é alvo de alienação parental pela ex, que tenta afastá-lo da filha pequena, Malu (Isabela Garcia).
Outro casal de que Despedida de Casado trata é o formado pelo médico Roque (Felipe Wagner) e sua esposa Lídia (Maria Fernanda), amiga de Stella, em que pese a diferença de idade entre elas. Lídia se vê perdida na vida ao perceber que não faz falta no cotidiano do marido e a da filha Ana Isabel (Kátia D’Angelo), jovem universitária que diz invejá-la por “poder ficar em casa o dia inteiro sem nada pra fazer”.
Ligado a todos esses personagens está o psiquiatra Lalo (Cláudio Marzo), que com sua atuação profissional pode colaborar para que os problemas dos casais se resolvam e eles saiam fortalecidos de uma saudável discussão sobre as relações entre homens e mulheres. Mas a Censura implicou com o projeto e proibiu sua exibição, o que obrigou a TV Globo a recorrer à reprise de O Bem-amado (1973), de Dias Gomes, para tapar buraco.
O TBT da TV do Observatório da TV relembra essa situação traumática, infelizmente repetida quando o veto a Roque Santeiro ainda estava fresco e impactava o cenário artístico brasileiro. Confira o vídeo!