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50 anos de Cuca Legal, novela com piloto de avião dividido entre vários amores

História foi cartaz das 19h nos primeiros meses de 1975 e teve trajetória irregular

Publicado em 27/01/2025

Em 27 de janeiro de 1975, a TV Globo estreou em sua faixa das 19h a novela Cuca Legal, escrita por Marcos Rey com base em argumento de Oswaldo Loureiro e Paulo Pontes. A inspiração foi o texto teatral Boeing-Boeing, de Marc Camoletti, que por sua vez deu origem a filme homônimo com Jerry Lewis e Dean Martin, lançado em 1965.

O protagonista é Mário Barroso (Francisco Cuoco), um piloto de avião que se divide entre três romances, com pares de classes sociais distintas. Ele acredita amar as três moças sinceramente, e não consegue se definir por uma delas, para com ela ter um filho de “cuca legal”.

Das três, Fátima (Yoná Magalhães) é a mais pobre, de quem Mário se aproxima quando ela fica viúva de um funcionário da companhia de aviação. No decorrer da novela, ela desperta a paixão de um patrão, o industrial Nestor (Sebastião Vasconcelos).

Professora de piano, Irene (Suely Franco) é de classe média, filha do escoteiro Proença (Felipe Carone) e de Alba (Mirian Pires), sempre preocupada com as trapalhadas da caçula, Lu (Elizângela).

Virgínia (Françoise Forton) é a moça rica, filha da jovem e bonita viúva Kinu (Rosamaria Murtinho). Com o desenrolar da história, Kinu também entra na disputa pelo piloto, o que acelera os conflitos. Sempre ao lado do amigo Mário, Celso Maranhão, o Jacaré (Hugo Carvana), o ajuda a se livrar de maiores problemas, na medida do possível.

Outros dois personagens de destaque em Cuca Legal eram a mãe de Mário, Dalva (Elza Gomes), que apresentava um programa radiofônico no qual aconselhava a audiência sob o pseudônimo de Madame Zaide, e Aureliano Villaça (Mário Lago), homem que se vestia, falava e agia como se ainda estivesse na década de 1930. Eles viviam uma paixão platônica. Na campanha de lançamento, a presença desse casal era anunciada com duas cabeças brancas e uma frase sobre um novo par romântico.

Antes de Marcos Rey, Sylvan Paezzo havia sido escolhido para desenvolver o argumento de Loureiro (que respondia pela direção da produção) e Pontes, mas os planos mudaram. Além disso, a concorrência na faixa era uma história de êxito para os padrões da TV Tupi: Meu Rico Português, de Geraldo Vietri, com Jonas Mello, Márcia Maria, Dina Lisboa, Maria Estela e Cláudio Corrêa e Castro nos papéis principais.

Em análise da novela pouco depois de seu término, o crítico Artur da Távola escreveu em O Globo: “Cuca Legal foi a novela que fez retroceder a qualidade conseguida com Corrida do Ouro e cujos impasses e irrealizações fizeram lembrar a decepção com Supermanoela. O grande problema de Cuca Legal foi a fraqueza da história. Interessante: apesar da pobreza expressiva e significativa do enredo, tanto os diálogos como o desempenho dos atores estiveram em bom nível”.

Embora tivesse elogios ao trabalho do elenco, Cuca Legal sofreu com trajetória irregular e críticas a uma ausência de maiores voos – sem trocadilho – no enredo, que era simples e, para o diretor, feito em condições “as mais precárias possíveis”.

O que é curioso diante do que traz o Dicionário da TV Globo sobre a novela: “Os cenários, de Mário Monteiro e Peter Gasper, tinham grande mobilidade, criando condições para a utilização de uma quarta parede, quando em geral os cenários têm apenas três, permitindo o movimento das câmeras. Todo o ambiente em estúdio podia ser focalizado, facilitando a gravação das cenas”.

Pouco antes do fim – a novela teve cerca de 120 capítulos, uma das mais curtas da emissora e do horário -, Oswaldo Loureiro foi substituído nos trabalhos de direção por Jardel Mello. Rogério Fróes, Dary Reis, Herval Rossano, Luiz Armando Queiroz, Ruy Rezende, Suzana Faini, Roberto Bomfim, Lady Francisco, Luiz Magnelli, Ana Cristina Faria e Dudu Continentino, entre outros, também participaram de Cuca Legal.