Há 18 anos ininterruptos, Kleber Oliveira apresenta o Terra da Padroeira, na TV Aparecida, mesmo tempo em que a emissora está no ar. Todas as manhãs de domingo lá está ele, ao ‘vivaço’, com o seu figurino estilo cowboy animando a plateia no auditório e o público de casa. Com os assistentes de palco Tonho Prado e Menino da Porteira, o apresentador recebe várias estrelas da música sertaneja no programa, que é uma das maiores audiências do canal católico.
Veja também:
Nesta entrevista, exclusiva para o Observatório da TV, o artista – fervoroso devoto da ‘patroa’ Nossa Senhora Aparecida – conta um pouco sobre sua trajetória profissional, que teve início como locutor de rádio. Ele ainda fala da vida em família e seu dia a dia no sítio onde mora. Kleber também revela, em primeira mão, que vai gravar uma música junto com um famoso cantor. Confira!
Como é apresentar um programa sertanejo há tantos anos na TV?
”Realmente apresentar o Terra da Padroeira é uma alegria enorme, já que eu aceitei como uma missão na minha vida. São tantas pessoas nos assistindo… Temos o homem do campo, o sertanejo, aquele que tem o sangue caipira nas veias e pessoas que deixaram suas terras para tentar a vida na cidade grande. E para eles contamos histórias, apresentamos canções que lembram a infância, os pais, trazendo boas memórias ao ouvir uma música caipira. Sabemos como nosso trabalho é importante, fazemos com que essas pessoas tenham algumas horas de entretenimento, de alegria e emoção”.
A que atribui o sucesso do Terra da Padroeira?
”O grande sucesso desse programa eu atribuo à simplicidade, sendo eu mesmo o tempo todo. Aquele rapaz caipira, sertanejo, que nasceu e foi criado na zona rural, no bairro da Samambaia, na Estância Climática de Cunha. No palco, eu levo meu coração, minha essencial sertaneja, apresentando o Terra da Padroeira com amor e simplicidade”.
Alguma história marcante nesses quase 18 anos no ar?
”Existem muitas histórias marcantes no Terra da Padroeira, afinal são 18 anos no ar. Mas quero dividir uma que aconteceu comigo mesmo. Eu fui criado na roça e meu pai sempre foi um sertanejo daqueles mais antigos, que demonstrava amor através de ações, mas não através de abraços. E eu cresci sem conseguir dar um abraço nele no Dia dos Pais; e era algo que eu sonhava, porém não tinha oportunidade e me faltava coragem, pois meu pai era um caboclo desses mais brutos. E numa homenagem aos pais no programa aconteceu. Nós nos abraçamos. E foi o primeiro abraço que ganhei na vida adulta do meu pai. Por conta desse momento, nunca mais deixamos de nos abraçar e agora nós já temos facilidade para trocar carinho de pai e filho, e o responsável por isso foi o programa”.
Como é a relação com seus companheiros de palco, Menino da Porteira e Tonho Prado?
”Nós temos um relacionamento muito bom. Temos uma relação que vai além dos palcos. No programa, como artistas, nós temos a missão de entreter as pessoas, fazer os telespectadores rirem e terem um bom domingo. E fora dos palcos continuamos como irmãos. Inclusive, o Tonho Prado gosta de brincar no ar falando ´você é um pai com aço, um palhaço´ (risos). E são brincadeiras que nos unem. Estamos juntos nas dificuldades, estendendo a mão um para o outro, e nos palcos temos a missão de levar alegria as pessoas e evangelizar. É um ótimo relacionamento e, na verdade, me sinto até pai deles. Eles me ouvem e eu aconselho, quando preciso de algo falo com eles na hora, e eles estão sempre prontos a me ajudar. Nós nos tornamos uma família, que está sempre unida, tanto nos palcos como na vida”.
Qual a sua visão sobre a música sertaneja de antes e a atual?
”Na verdade a música, não só a sertaneja, mas a mundial, vem sofrendo uma grande transformação. A música sertaneja há décadas vem sofrendo mudanças. Pega como exemplo Tonico e Tinoco, que era só viola e violão, e a gente falava que era o casal de viola. Depois teve Léo Canhoto & Robertinho, que inovaram a música sertaneja colocando guitarra, bateria, e deixou as pessoas de cabelo em pé, mas no fim acabaram aceitando a mudança, que veio para agregar. Temos também Chitãozinho e Xororó, que trouxeram mais inovação. E é uma transformação que vai continuar ocorrendo. Eu vejo da seguinte forma: dentro da música sertaneja a transformação ajudou a música a ganhar novos espaços. E as pessoas, dentro do segmento sertanejo, respeitam a música raiz. Eu, por exemplo, sou um cara que gosta de música raiz, mas não tenho nenhum tipo de preconceito com a música atual. Eu vivo música, eu a respiro. E acredito que toda música tem seu momento. Gosto, pela manhã, de ouvir uma música bem raiz, de tarde já gosto de um sertanejo mais romântico, como Jorge e Mateus. Meu estilo é raiz, valorizo quem abriu a estrada para podermos passar por ela, porém aprecio outros estilos dentro da música sertaneja, que são bem cantadas e produzidas, elas realmente transformam nosso dia e a nossa forma de viver. A música penetra nossa alma e tem esse poder de transformar. Não tenho nenhum preconceito com os novos cantores e novos sons, mas meu coração está na música de raiz”.
Seu figurino no palco é sempre a la cowboy. Você costuma adotar o mesmo figurino no dia a dia?
”Eu me visto de uma forma mais sertaneja desde a minha adolescência. Com 14 anos eu comecei a participar dos rodeios, montava em touros nos rodeios amadores, e já usava meu chapéu, minha botina, um canivetinho. E aí, com 17 anos, me tornei narrador de rodeio, sempre no meu estilo cowboy. Fui para o rádio assim e ali que surgiu o convite para a televisão. Aliás, um dos motivos desse convite foi por conta do meu estilo, porque até na rádio eu me vestia assim. Na época, o Padre César, que era o diretor da Rádio e da TV Aparecida, me fez o convite e falou que meu estilo ia combinar com o programa, e acabou dando certo. Gosto muito desse estilo sertanejo, com a bota de cano alto, o chapéu encurvado. E muita gente me chama de cowboy. E é meu estilo sempre, em casa, nos palcos, nos shows. Até à missa eu vou assim, mas não entro de chapéu na Igreja. Mas é minha forma de se vestir e como me sinto bem”.
Destaque uma música sertaneja que marcou sua vida e por quê?
”Fui criado na roça e tive uma infância muito gostosa. Em casa tinha vários discos sertanejos, como do Trio Parada Dura, Amado Batista, Chitãozinho e Xororó. E eu tive muito contato com a música desde pequeno, até mesmo porque minha tia e madrinha, Rosa, era sanfoneira, mas ela era dessas artistas do sertão, que toca a música de ouvido, sem preparação técnica. E no rádio, um dia, estava tocando a música ‘Sonhei com Você’, do Milionário e José Rico, e minha tia Rosa estava tentando tirar a música de ouvido na sanfona. Quando ela abriu o fole da sanfona eu, criança, coloquei o dedo ali e quando fechou apertou meu dedo e eu comecei a chorar. E essa música me marcou muito, por conta dessa história, e também me lembra muito da minha infância com a minha família na roça. Quando ouço ‘Sonhei com Você’, do Milionário e José Rico, eu me lembro desse dia e dessa história. E quando tive um prazer de receber Milionário e José Rico no programa, eu contei essa história para eles e rimos muito dessa lembrança. São histórias que a gente tem para contar e que nos trazem bons sentimentos”.
O seu estilo de vida é rural? Como é a vida com a família, seus hobbies e diversão?
”Eu costumo dizer que eu tenho uma vida duplamente abençoada. Eu faço o que eu amo na televisão e nos palcos, apresentando as modas sertanejas e o Terra da Padroeira. E nos momentos de folga fico na roça, me permito trabalhar lá, com a minha família. Subo no trator, planto e colho milho, cuido do gado, isso tudo junto dos meus filhos, o José Marcio (1 ano e 8 meses) e José Kleber (7 anos). Minha esposa e eu ensinamos aos nossos filhos os valores da vida simples, sem luxo, na roça, com tudo que a terra oferece. É uma vida que a gente se diverte, gravamos vídeos nas redes sociais, no meu canal do Youtube, que é todo voltado para vida no campo. É por isso que eu digo que minha vida é duplamente abençoada, porque faço o que gosto, o que me dá prazer, tanto nos palcos como na roça, tirando o sustento da minha família. Sou muito grato a Deus por ser abençoado dessa forma”.
Alguma novidade envolvendo sua carreira que possa adiantar?
”Temos alguns planos para esse ano, alguns já estamos colocando em prática, pois a vida não pode parar. Como cantor, estou planejando lançar uma música do Gabriel, que cantava junto com o José Henrique, e agora segue carreira solo. O Gabriel é muito bom compositor e me deu uma canção chamada ‘No Passo do Cowboy’, e que tem muito a ver comigo, uma letra maravilhosa, que fala do chapéu, da bota. E eu aceitei, com muito carinho, esse presente. Estou entrando em estúdio o mês que vem para gravá-la e, em breve, pretendo lançá-la no Terra da Padroeira para todo o Brasil’.
SIGA ESTE COLUNISTA NO INSTAGRAM